Entrevista
Joaquim Menezes: "Empresários são pessoas que normalmente têm o dom de ver um bocadinho mais à frente"
11 set 2025 08:00
A propósito do 50.º aniversário da Iberomoldes, o fundador do grupo empresarial recorda o passado da indústria de moldes e comenta a actualidade do sector
Natural de Coimbra, que percentagem de Joaquim Menezes já é da Marinha Grande?
Praticamente toda. De Coimbra, muito pouco. O meu pai tinha uma expressão e a minha mãe também, que a nossa terra é aquela que nos dá o suficiente para vivermos e levar a vida. Era muito pequenininho quando me disseram isso e perdura.
Que memórias guarda da antiga vila da Marinha Grande e da sua indústria?
Para mim foi um choque. Porque eu vinha da Figueira da Foz, onde passei toda a minha infância. E no final dos anos 50, a Figueira da Foz era uma cidade tradicional, ao tempo chamada de burguesa. E vim para a Marinha Grande, que era claramente proletária, com uma vivência totalmente diferente daquela que foi a minha infância na Figueira da Foz. Eu era de uma família humilde e, como tal, ir para o Jardim Escola João de Deus, aos 3 anos, não era propriamente uma coisa normal. Mas a minha madrinha, algumas das minhas tias, tiveram uma importância muito grande para que tivesse essa formação. Toda a minha infância, até aos 11 anos, foi normal, no seio de muitos amigos e colegas, vindos desde famílias de pescadores de Buarcos, até às dos doutores e engenheiros da terra.
E por que se dá a mudança para a Marinha Grande?
A minha mãe era doméstica e o meu pai era electricista. Trabalhava na empresa de vidros da Fontela. Foi para a Empresa Produtora de Garrafas da Marinha Grande, por indicação de um engenheiro belga que fazia a manutenção dos fornos na Produtora. Ofereceram-lhe uma diferença de ordenado perfeitamente estapafúrdia para a altura e não hesitou.
E como eram as fábricas nessa época?
A indústria era mesmo a de vidros. Era a predominante. A indústria de moldes estava a começar a surgir nas conversas das pessoas, aquelas que queriam fugir do vidro. Principalmente os miúdos, que queriam seguir aquilo que era a montra da cidade, uma indústria de moldes desenvolvida, moderna.
O jovem Joaquim Menezes também foi seduzido por essa modernidade?
Não. Foi uma coisa natural. Acabei o meu curso de formação de serralheiro, que era já muito bom para o meu status familiar. Éramos 11 jovens
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