Opinião
Vou ver…
Não parando a pandemia, milagrosamente, ela me pareceu ter acabado ao surgir a guerra na Ucrânia
Como nas férias de verão não aprecio envolver-me com o binómio “mergulho-exposição solar” viro-me para o prazer de mergulhar na leitura de livros.
E tenho tantos à espera de serem lidos que não me é difícil agarrar e levar comigo alguns. Porém, este ano, não fiz assim.
Decidi que só vou ler livros de ficção recheados de segredos, conspirações e muito suspense!
Ora a quem atribuo a culpa desta minha tão redutora e afunilada escolha? A mim, só a mim.
É que acredito em três coisas: naquela definição que diz que o conhecimento é um conjunto de capacidades e processos mentais que ajudam a pessoa a melhor interpretar a realidade, a ser mais capaz de resolver problemas e até a reorientar os seus comportamentos; no saber que me é comunicado por especialistas; nos media como instrumento de divulgação do conhecimento.
Por isto, quando se iniciou a Covid, dispus-me a adquirir um melhor conhecimento ouvindo com muita atenção, como se fossem meus professores, os médicos especialistas que nos canais de rádio e televisão constantemente falavam sobre o assunto.
Sabendo que o conhecimento científico é o único capaz de produzir conclusões não dependentes da perceção subjetiva do investigador, pensava eu que todos os especialistas/médicos me iriam comunicar a mesma verdade, mas não!
Quer fosse pela necessidade de protagonismo mediático ou de uma qualquer agenda política, comecei a perceber que nem sempre o ensino da verdade científica era o ponto fulcral de muitas das comunicações.
Apesar de alguma desconfiança sobre as verdadeiras intenções de alguns mediáticos especialistas, continuei a ouvi-los e percebi que, não parando a pandemia, milagrosamente, ela me pareceu ter acabado ao surgir a guerra na Ucrânia.
Dei comigo, horrorizada, a assistir a outras “aulas” dadas por professores/militares e concluí que com os saberes que me passaram sobre as possíveis estratégias da guerra eu nada podia fazer para além de aumentar a raiva que já antes sentia pelos senhores do mundo!
Entretanto, eis que esta “aula” acaba, sem a guerra acabar e me surge uma outra: a do caos nas urgências!
Disposta a aprender oiço uma vez mais professores/médicos especialistas, desta vez a quererem ensinar-me algumas das suas verdades carregadas de subjetividade e corporativismo e não percebo o que posso eu, uma cidadã, fazer com elas!
Tenho para mim que talvez se a todos eles eu ouvisse falar da necessidade de os centros de saúde estarem abertos vinte e quatro horas por dia e bem apetrechados para poderem avaliar a muita ou pouca gravidade da doença do utente, muito poderiam os cidadãos fazer para ajudar a resolver parte do problema ligado às falsas urgências.
Sentindo nada ter aprendido com estes “professores” dou comigo a entrar numa outra “aula”, esta dada por especialistas em fogos.
Ouço-os a quererem ensinar-me o que fazer para que o que ardeu não tivesse ardido!!!
Farta de especialistas que nada de útil me ensinam para que o meu agir torne melhor a realidade afasto-os de mim.
Quem sabe se não será na leitura de um bom livro de ficção que eu venha a aprender a fazer aquilo que eles não me souberam ensinar.
Tenho aqui alguns desses livros, vou ver…
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990