Opinião

Vida de empresário

2 abr 2016 00:00

Aqueda da economia brasileira, tal como aconteceu com a angolana há já dois anos, ilustra bem a imprevisibilidade actual do mundo empresarial e as dificuldades que os empresários e gestores têm para tomar as suas decisões.

Se no caso de Angola, apesar da sua riqueza, era sabido ser um país frágil, pouco estruturado e muito dependente do petróleo, já o Brasil era apontado como uma das mais fortes economias emergentes, a quem muitos vaticinavam anos prósperos.

No entanto, num ápice, o que era uma economia prometedora e aparentemente robusta, está a cair como um castelo de cartas, a que não são alheios os escândalos de corrupção envolvendo algumas das suas principais empresas e diversos políticos de topo.

Num caso como noutro, são muitas as empresas portuguesas afectadas, vendo as apostas nesses países, quer com investimentos quer também com expectativas de vendas, serem postas em causa.

O que parecia ser uma solução para fugir à crise económica portuguesa, está-se a tornar num problema enorme, agravando a situação já difícil de muitas empresas, algumas vendo mesmo em causa a sua sobrevivência. Surgem despedimentos, salários em atraso, unidades encerradas e atraso nos pagamentos a fornecedores.

Muitos dirão agora que esses empresários e gestores não terão tomado as melhores decisões, por terem negligenciado factores que deveriam ter tido em conta ou por não terem conseguido antecipar os problemas com que essas economias hoje se deparam. Mas agora é fácil falar. Nas previsões feitas após um jogo todos acertam.

Correu agora mal no Brasil e em Angola, como no passado aconteceu noutros mercados, por razões de outra natureza. Os imponderáveis que afectam as economias são tantos, tão complexos e tão interligados, que é difícil ter grandes certezas na hora das decisões.

O mais fácil será nada fazer, sendo que esse caminho normalmente também não leva a grande futuro. É por essa razão que nem todos nascem para serem empresários, actividade que exige grande coragem, resiliência e capacidade para dar a volta aos problemas.

Que obriga a mudanças constantes e a lidar com altos e baixos. Onde o risco está sempre presente. Quando os problemas surgem, a sociedade é célere a apontar-lhes o dedo, algumas vezes com razão (como os últimos anos têm bem demonstrado), outras apenas por inveja das vidas que, nalguns casos excessivamente, ostentam.

Mas a verdade é que, goste-se ou não do estilo, a população em geral vive tanto melhor quanto mais os empresários investem, inovam e criam. São eles que geram emprego e pagam salários.

É com os riscos que eles correm que a economia tem maior ou menor dinâmica. Quando corre bem, nada a apontar. Quando há problemas... é má gestão, dinheiros mal gastos, ostentação excessiva. É assim a vida de empresário!