Opinião
Uma linha e meia sobre B Fachada
Pensei também em escrever sobre o orgulho que é ver tantos amigos a darem a volta ao texto por uma melhor cidadania, mas também neste caso percebi que bastaria dizer isto: “Que orgulho, meus amigos!”.
Às vezes custa-me encontrar tema para esta pequena crónica. Gostava de conseguir escrever sempre algo de minimamente relevante nestas páginas. Pela honra que é poder ter este espaço no jornal da minha terra. Pela ligação que este espaço me permite manter à minha cidade. Pela liberdade que esta casa sempre me deu para escrever o que quer que fosse, mesmo que não minimamente relevante e mesmo que completamente fora do tema que, supostamente, me traz aqui todos os meses: tentar interessar-vos por coisas que tenha lido, ouvido ou visto. Mas, às vezes, custa-me mais.
Talvez, porque nos últimos dois ou três meses tenho estado conscientemente menos atento ao que se passa por aí. Talvez, porque sinta que cada vez mais tenha menos a dizer sobre um país ou uma cidade onde não vivo (e onde não vou há mais de um ano e meio)… Bom, talvez, simplesmente, porque há dias assim. Indecisos, pouco inspirados.
Pensei em escrever sobre o castelo, mas dei-me conta que, para já, a única coisa que posso dizer é que acho que gosto do que lhe fizeram e que, no dia que voltar a Leiria, espero lá poder ir sem ter que subir a colina a pé.
Pensei também em escrever sobre o orgulho que é ver tantos amigos a darem a volta ao texto por uma melhor cidadania, mas também neste caso percebi que bastaria dizer isto: “Que orgulho, meus amigos!”.
Então, com a incerteza a agigantar-se, o prazo de entrega a encurtar e o trabalho a atrasar, finalmente vi uma luz ao fundo do túnel. O recurso mais fácil.
Vou escrever sobre um disco. Um disco que tenha ouvido muito ultimamente. Um disco sobre o qual possa mandar dois ou três bitaites e talvez com essa meia dúzia de linhas levar alguém a ouvi-lo também.
Nos últimos tempos, de cada vez que meto música a tocar, invariavelmente escolho Rapazes e raposas. O problema é que sobre esta obra-prima do genial fazedor de canções B Fachada não tenho meia dúzia de linhas para escrever.
Na verdade, só tenho uma linha e meia: “É o melhor disco português dos últimos 30 anos (e quem diz 30, diz 40). Ponto final.
Ouçam-no com ouvidos de ouvir e vão dar de caras com o passado, o presente e o futuro da música pop que importa”. Como vêem, pouco descritivo, pouco relevante e uma opinião pobremente justificada. Ainda assim, parece-me que, desta feita, é o que de mais interessante tenho para vos dizer. Há dias assim.