Opinião

Uma espécie de despedida

5 dez 2021 15:45

Quem achar que a política se divide entre os bons e os maus, presta um péssimo serviço à democracia

Com muita honra desempenhei as funções de deputada à Assembleia da República nos últimos seis anos.

Eleita em 2015 pelo meu distrito, Leiria, vivi momentos únicos durante este período: um dos mais felizes terá sido certamente o privilégio de poder falar na cerimónia evocativa do 25 de abril.

Dos mais tristes foram os dias e os meses que se seguiram aos incêndios de 2017 em que a intervenção política ficou claramente aquém daquele que foi o drama vivido por milhares de pessoas.

Abracei causas que levei para o Parlamento: o flagelo dos estudantes com dificuldades financeiras em frequentar o Ensino Superior, os milhares de crianças a quem continua a ser negado o direito de terem uma família, as dificuldades sentidas pelo Ensino Artístico, a urgência de combatermos a corrupção e credibilizar a atividade política, a defesa de quem perdeu tudo nos incêndios, a devastação que assolou o Pinhal de Leiria em 2017, entre muitas outras.

Como a transparência não se apregoa, pratica-se, é hoje possível conhecer parte do meu trabalho no site margaridabalseirolopes.pt.

Cresci muito e tive a sorte de encontrar pessoas que me marcaram e que levarei seguramente comigo. Do meu partido e de outros partidos.

Quem achar que a política se divide entre os bons e os maus, presta um péssimo serviço à democracia. Há melhores ideias do que outras, em função daquelas que são as nossas convicções.

Haverá, quanto muito, quem esteja mais ou menos preparado para o serviço público.

Como sempre defendi, a função de deputado não se confunde com uma qualquer profissão.

Daí que, volvidos estes seis anos, é tempo de voltar à minha atividade profissional. Agradeço profundamente a honra que tive de poder representar o meu país na Casa da Democracia.

Nem sempre concordei com as opções que foram tomadas, até no meu partido, o que levou a que, no exercício da minha liberdade e da minha consciência, tenha divergido e votado de forma diferente.

É nesse espaço de liberdade que julgo nos devemos sempre mover.

Não deixarei de continuar a participar politicamente.

Como não poderia deixar de ser, estarei empenhada, já em janeiro, em ajudar o meu partido, especialmente o meu distrito, nas eleições legislativas.

Saio tranquila e profundamente agradecida com tudo o que aprendi.

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990