Opinião

Uma boa ideia vale ouro

1 jun 2021 15:30

E assim, com ideias e trabalho, se transforma uma coisa má numa coisa boa. Pode-se sempre aprender. Sempre

A cidade sueca de Gotemburgo, a segunda maior do país, um importante centro industrial e o porto mais activo dos Países Nórdicos, tinha um problema engraçado: ao contrário das solarengas fotografias dos postais ilustrados, a cidade está quase sempre mergulhada ou em chuva ou na sua ameaça.

Chove lá, dizem, quase tantos dias como aqueles em que não chove e isso acaba por desequilibrar qualquer pessoa.

Os adultos lá vão resistindo como podem, fechados nos escritórios e nos ginásios, embrulhados em capas e debaixo dos chapéus de chuva mas, as crianças?

As crianças, mais galochas mais casaco, lá vão brincar à chuva para os parques, antes que, elas e as respetivas famílias, fiquem seriamente danificadas.

Não há em Gotemburgo parque que se preze que não exiba um espaço para os mais pequenos se poderem exercitar e divertir, baloiços e escorregas, rodas e redes, paredes de escalada e outras coisas assim.

Tudo do bom e do melhor, tudo ao abandono nos dias de chuva. E chove muito, como vos disse. E contra a chuva não há nada a fazer. Paciência.

Foi então que os suecos tiveram uma ideia.

Na verdade foi um sueco só, Thoms Ivarsson, que foi pedir ajuda aos dinamarqueses Coletivo Superflex para montar a primeira Rain Station 365, espaços de brincadeira que aproveitam e beneficiam sempre que está a chover, integrados nos parques infantis convencionais que funcionam quando não chove, poças cavadas na calçada para mergulhar as galochas ou tornar a viagem de bicicleta numa aventura inofensiva, colectores de água que alimentam um “rio” numa zona de areia e onde se podem construir pontes e barragens, efémeras mas não menos verdadeiras por isso, “mobiles” que só funcionam quando a água cai…

As crianças adoraram a ideia, os pais das crianças que começavam a ficar com crescentes dificuldades em vencer a competição ar livre versus casulos eléctricos gostam imenso e a cidade percebeu isso tão bem que lançou um concurso internacional para a construção de uma nova escola com o título A melhor escola do mundo quando está a chover.

E assim, com ideias e trabalho, se transforma uma coisa má numa coisa boa. Pode-se sempre aprender. Sempre.