Opinião

Um retrato de Portugal na Europa

24 out 2020 11:34

Sem uma alteração profunda dos quadros partidários, da esquerda à direita, dificilmente o “retrato de Portugal” no futuro próximo será diferente.

No passado dia 19 de outubro a Fundação Francisco Manuel dos Santos publicou o "Retrato de Portugal na Europa" - edição de 2020 (https://www.pordata.pt/Retratos/2020/Retrato+de+Portugal+na+Europa-87).

Esta publicação compila dados do Eurostat, entidade responsável pelas estatísticas da União Europeia (UE), e compara os mesmos com vários indicadores socioeconómicos de Portugal com os restantes 26 Estados-Membros, incluindo população, rendimentos, educação, saúde, emprego, produtividade, proteção social, macroeconomia, ciência e tecnologia, ambiente, energia, turismo, justiça e segurança.

Um dos dados mais relevantes é a situação demográfica.

Em 2018, Portugal tinha 157 idosos (com 65 ou mais anos) por 100 jovens (com menos de 15 anos), bem acima da média da União Europeia com 132 idosos por 100 jovens.

Itália lidera com 171 idosos por 100 jovens.

Poucas dúvidas devem restar aos portugueses sobre a importância de incentivar a natalidade e não menos importante saber acolher quem procura o nosso país para viver e trabalhar.

Por muito que custe a determinados setores da nossa sociedade, sem imigrantes Portugal está condenado a um futuro sombrio, sem jovens e onde as reformas não passarão de histórias do passado.

Outro dado relevante é a percentagem da população residente e m Portugal sem o ensino secundário ou superior (com idade entre os 25 e os 34 anos) que em 2019 foi 24,8%, com a média da EU a ser de 15,5%.

Se juntarmos as estatísticas sobre empregadores e trabalhadores por conta de outrem residente em Portugal sem o ensino secundário ou superior, que é de 47, 4% e 39,8%, com a média na EU que é 16,3% tanto para empregadores com o trabalhadores, devemos fazer uma profunda reflexão sobre a importância da formação para o próprio desenvolvimento do país.

Não há desenvolvimento sem trabalhadores qualificados e sem empregadores conscientes da importância da valorização técnica e profissional dos quadros que dirigem.

É fundamental repensar as prioridades do nosso país.

Sem uma alteração profunda dos quadros partidários, da esquerda à direita, dificilmente o “retrato de Portugal” no futuro próximo será diferente.

Iremos continuar na cauda da Europa e sem perspetivas de futuro.

Só com uma sociedade civil interventiva e exigente para com quem nos governa, o nosso país será mais competitivo e socialmente mais justo.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990