Opinião
Um país chamado Escola
E de repente, no Portugal de agora, parece que a escola obrigatória choca consigo mesma e afinal a rede pública parece não comportar todos os alunos.
As escolas estão todas longe do Ministério da Educação.
Tão longe como se fosse noutro país. O país chamado realidade. O país onde moram as famílias a quem as escolas públicas dizem não ter vaga para os seus filhos.
E de repente, no Portugal de agora, parece que a escola obrigatória choca consigo mesma e afinal a rede pública parece não comportar todos os alunos. Só na D. Dinis são 60 os alunos sem lugar, sobretudo no 5º ano, alguns residentes na área de influência e provenientes de escolas do mesmo agrupamento.
Que não haja confusões: a decisão de acabar com os privilégios dos colégios privados nos locais onde a rede pública pode dar resposta é uma excelente decisão e só peca por tardia. Aliás, é daquelas coisas que nos leva a pensar “mas como foi possível durante tanto tempo a rede privada sobrepor-se à pública?”.
Agora, como explicar a falta de vagas nas áreas de residência e a falta de uma estrutura local que coordene a oferta das diferentes escolas? Então, mas antes de tomar uma decisão desta envergadura não ficou assegurado que a rede pública tinha lugar para todas as crianças no local onde residem?
Gelo só de pensar que foi a mesma equipa que permitiu o descalabro do computador Magalhães, uma ideia magnífica que esbarrou na realidade e ficou envolta em polémicas, atirando um preciosíssimo recurso – a possibilidade da literacia digital logo no 1º ciclo – para a venda de monos no OLX e na Feira da Ladra…
O Magalhães – desde erros de português num dos programas educativos, a formadores russos que os professores não entendiam, até salas de aulas sem tomadas para ligar 20 portáteis em simultâneo e sem Internet, ou assistência técnica – encontrou de tudo. Tudo o que ditou a sua ruína. E a gota de água foi a sua fraca integração nas actividades lectivas: em vez de ser mais um recurso pedagógico, tornou-se mais um problema.
Na verdade, as melhores ideias do mundo precisam todas de algumas coisas para serem operacionalizadas: conhecimento do terreno, bom senso e capacidade técnica.
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