Opinião
Tirania democrática?
Como vês, Zé, a história da corrupção é de sempre e os regimes democráticos não escapam a ela, com a diferença de, se Tocqueville tiver razão, ser ainda mais insidiosa.
Meu Caro Zé, Confesso-te que os últimos dias têm sido de um corrupio constante, em que notícias desconcertantes se cruzam com vivências inesperadas, sem tempo de reflexão, obviamente imprescindíveis à escrita de um texto sucinto e minimamente inteligível.
Tendo saído agora de uma conferência em que estava em causa a lógica da liberdade e a sua relação com a democracia, decidi socorrer-me de Alexis de Tocqueville que, no seu famoso livro Da Democracia na América, escreve a certa altura: “Nas aristocracias, os governantes procuram por vezes corromper. Nas democracias eles revelam-se frequentemente corruptos. Nas primeiras, os sócios atacam diretamente a moral do povo. Nas segundas, exercem sobre este uma influência indireta que é ainda mais temível.”
Como vês, Zé, a história da corrupção é de sempre e os regimes democráticos não escapam a ela, com a diferença de, se Tocqueville tiver razão, ser ainda mais insidiosa.
Daí que seja necessário (mas, obviamente, não suficiente) que o governo seja “limitado” em democracia, através de regras claras que, no fundo, garantam que o governo respeita o Estado que governa e o povo (nação) que o constitui, nunca pondo em causa as caraterísticas fundamentais desse Estado e, em particular, a liberdade, os direitos e garantias (e também o cumprimentos dos deveres) de todo e cada um dos cidadãos e das instituições.
*Professor universitário
Texto escrito de acordo com a nova ortografia
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