Opinião

Teorias rurais

21 nov 2021 15:45

Comer local, importa sublinhar, é diferente de comer no local!

Entre os temas maiores que marcam a atualidade, destaco a aproximação da época da matança, o desabrochar das camélias e o regresso das laranjas!

São estas as novidades que perenemente encontramos, mês após mês, feira após feira.

Aos ciclos agrícolas podemos juntar distrativas actividades eleitorais que, com calendários menos previsíveis, recordam a comunidade que não só de pão vive o homem, mas também de circo.

Ainda assim, insistirei aqui sobretudo no segmento pão.

Gostaria de partilhar o anúncio da abertura de um estabelecimento comercial que propõe fundir feijoada à brasileira e sushi, na Quinta do Alçada, junto ao talho halal.

O feijão para a feijoada e o arroz para o sushi são localmente produzidos nas várzeas do Mondego, reduzindo significativamente a pegada carbónica deixada por tantos espaços gourmet da região.

Como sabemos, a pescada do Chile, a maruca, o salmão e o bacalhau, por exemplo, chegam à boca dos leirienses após longa viagem.

E comer local, importa sublinhar, é diferente de comer no local!

Ainda relativamente à validação de uma efectiva consciência ecológica, importa valorizar a aposta, sempre segura, deste restaurante, no Papo-de-Rola, que seguramente o distinguirá na promoção de um feijão que é não só de cozedura fácil, mas de muito ligeira digestão.

Conhecido pelo seu bom “volume de boca”, Papo-de-Rola engrossa bem qualquer caldo, podendo transformar-se também na tábua de salvação de algumas famílias que dependem ainda da agricultura, e das leguminosas em particular, para a obtenção de algum dinheiro.

A obtenção desta valia pecuniária permitirá, assim se espera, a compra de alguns carros elétricos, ou, na pior hipótese, de um balde para o lixo com separadores, o que permite dividir por três as deslocações ao ecoponto e ao mesmo tempo mitigar as alterações climáticas planetárias.

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990