Editorial
Saibamos resistir
Aprendi imenso com todos os que se dedicavam, de corpo e alma, ao “JL”, todos fazendo tudo o que era necessário para fazer chegar o jornal aos leitores
Em 18 de Outubro de 1984, edição em que, pela primeira vez, assumi o cargo de director deste jornal, foi assim o primeiro editorial: “O JORNAL DE LEIRIA não dura mais do que três meses!” Foi esta uma expressão corrente aquando da saída dos primeiros números do “JL”. Na verdade, pouca gente acreditava que um punhado de jovens inexperientes conseguisse avançar com um projecto jornalístico tão ambicioso com é o do “JL”. O nº 0 do “JL” saiu em 22/03/84. Sai neste momento o nº 29. Decorridos que são praticamente 7 meses, sentimo- -nos à vontade para dizer que muito se enganaram os que prognosticaram o fim próximo deste jornal. Com efeito, o “JL” aqui está para durar com o intuito sempre presente de satisfazer o público em geral, com o máximo de isenção e sem ataques de “partidarite”. Pretendemos, acima de tudo, ser uma alternativa, uma escolha voluntária do público, abrindo novo espaço e novos horizontes naquilo que é o Jornal Regional.”
Estava certo. Decorridos que são 40 anos, o “JL” afirmou-se, definitivamente, no panorama jornalístico local, regional e mesmo nacional. Tal não aconteceu por mim, por causa de mim ou mesmo devido a mim. O “JL” existe porque, de facto, um grupo de jovens estudantes do ensino secundário ousaram. E enquanto tivermos quem ouse, evoluímos.
Nesta altura, olhando para o nº 29 (o primeiro em que fui director do “JL”), designadamente para a sua ficha técnica, não posso deixar de recordar aqueles que foram de primordial importância no processo de criação e desenvolvimento do projecto, tendo à cabeça o saudoso António José Laranjeira (o Tozé). A “dar a cara” pelos conteúdos tivemos o Fernando Mendes, que assumiu, até que eu o assumi, e depois de tal, o cargo de director (interino).
Aprendi imenso com todos os que se dedicavam, de corpo e alma, ao “JL”, todos fazendo tudo o que era necessário para fazer chegar o jornal aos leitores. Que me perdoem os que aqui não refiro, já que, como compreenderão e recordarão, os limites de extensão do texto “não perdoam”.
40 anos se passaram, a nossa democracia fortaleceu- se (!?) mas os tempos parece tenderem, por um lado, a que algumas pessoas se coloquem “em bicos de pés” através, designadamente, das redes sociais, e, por outro, que a liberdade de expressão seja cada vez mais reprimida, pelo menos em certos e determinados temas. Saibamos resistir e ousar sempre.
Os meus sinceros agradecimentos a todos os que aceitaram colaborar nesta edição. Uma última palavra para todos os que, actualmente, nos proporcionam semanalmente o JORNAL DE LEIRIA, pela sua dedicação, competência e ousadia. Obrigado.