Editorial

Reforma na saúde

11 jan 2024 08:03

Na área de influência da nova Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, há mais de 100 mil pessoas sem médico de família

A entrada do novo ano trouxe ao País em geral, e à nossa região em particular, um novo modelo de organização na área da saúde. Os hospitais e agrupamentos de centros de saúde passaram a estar integrados num sistema único, o que, na óptica dos impulsionadores desta reforma estrutural, garante mais autonomia operacional e financeira, reduz os processos burocráticos e assegura maior eficiência na assistência aos utentes.

Segundo Lícinio de Carvalho, presidente da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL), a grande mais-valia deste novo modelo “é colocar o doente no centro do sistema”, através de uma maior colaboração entre serviços e a criação de equipas comuns que podem dar respostas mais rápidas às necessidades dos utentes.

Ficam também facilitadas as contratações de médicos, enfermeiros, técnicos ou assistentes operacionais, que antes tinham de passar por processos burocráticos mais complexos, mediados pelas extintas administrações regionais de saúde (ARS) e agrupamentos de centros de saúde (ACeS).

Mas continua a haver quem não acredite nas vantagens anunciadas para o novo modelo, sobretudo no que à autonomia na contratação diz respeito. Os médicos, por exemplo, podem ser tentados a sair do Serviço Nacional de Saúde para voltarem a entrar com um novo contrato individual, que os liberta de prestar serviço nas urgências, originando diferentes condições de trabalho no seio das equipas e possíveis situações de insatisfação entre profissionais.

Um mau prenúncio, tendo em conta a conhecida falta de médicos disponíveis no mercado, quer de Medicina Geral e Familiar, quer de medicina hospitalar. Um problema de fundo de difícil e demorada resolução, quando, na área de influência da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, há mais de 100 mil pessoas sem médico de família, ou seja, quase 30% do total de residentes.