Opinião
Porquê a marcha?
Passou-se muito tempo na sombra, no escuro, no silêncio discreto da discriminação
Este seria o mês em que ensaiaria uns argumentos pelo decrescimento, para fechar a minha “série” sobre alterações climáticas, mas calhou que Setembro também é o mês da marcha pelos direitos LGBTQIA+ em Leiria, e eu quero animar-vos para se juntarem a ela!
No próximo dia 25 voltamos a sair à rua para celebrar o orgulho, o amor, e a diversidade, e todas as pessoas são bem-vindas!
O ano passado, Leiria pintou-se das cores do arco-íris e de todos os outros espectros cromáticos que pululam em representação simbólica das várias identidades da comunidade LGBTQIA+.
O famoso abecedário, que ninguém percebe mas que afinal tanta tinta tem feito correr, anda por aí.
Das dúvidas têm surgido novos esclarecimentos, novas conversas, e novas questões.
A riqueza desta comunidade não pára de aumentar, e isso, por muito confuso que possa ser às vezes, é, fundamentalmente, bom!
Da marcha do ano passado ficou a recordação de um dia bonito e emocionante, e a vontade de ver crescer.
Mas ficou também uma resposta mal dada a um amigo a uma daquelas perguntas clássicas para as quais eu devia ter uma resposta pronta.
Respondo hoje da forma que gostaria de ter respondido na altura ao “mas marcha porquê? Porque é que têm de vir para a rua gritar que são gays?”
Quantas pessoas não vão para a rua gritar pelo seu clube, de cachecol e bandeira ao peito, com cara pintada, camisola a preceito, a urrar pela vitória?
E a cruz de Cristo e os andores nas procissões das festas?
E as feiras medievais, com batalhas encenadas e tudo?
Não é tudo isto a mesma coisa - a afirmação de orgulho numa cultura e identidade?
Porque é que aceitamos as suas manifestações nuns casos e noutros não?
Já se sabe: o “problema” gira em torno da sexualidade e do medo que temos de falar sobre ela, mas então aí sou eu que digo… cada pessoa que lide com os seus fantasmas em privado.
A marcha surge da vontade de sair de um armário de vergonha para onde tantas pessoas foram empurradas durante demasiado tempo, e - sim! - isso significa que agora se quer sair em bom, espampanante e vibrante!
Passou-se muito tempo na sombra, no escuro, no silêncio discreto da discriminação. Agora é tempo de brilhar!
Para mim, que no espectro Queer me situo ali no A, de ALIADA, respondo assim: porque não há nada mais emocionante que ver pessoas unidas a lutar por uma causa, a lutar pelos seus direitos, e a fazê-lo com orgulho!
É isso que é a marcha, e é por isso que ela é linda!
Dia 21 à tarde vamos ter Oficina de Cartazes na ESTG e Oficina de Linguagem Inclusiva às 19h30 na Livraria Arquivo.
Sexta, vai haver a festa pré marcha Surto & Oh Deer, I’m Queer! na Stereogun.
Domingo será o grande dia da marcha - e queremos que venham todas as pessoas que vierem por bem!
Venham mais mil!