Opinião

O tempo e o modo

21 nov 2025 16:27

Fazem-nos falta espaços para pensamos o que somos e o como vivemos, o que deixamos e o que queremos construir

Na História, o que aconteceu, nem sempre conquista relevância e existência no futuro. Assim se começa um texto que, como título, lança mão do nome de uma revista que teve existência e influência no Portugal dos anos 60.

Aqui se faz memória, sem especificar conteúdos e intervenientes, da matriz reflexiva e intervencionista que os seus actores assumiram. Num contexto não muito, ou nada favorável, a pensamentos “disruptivos”. Mas o contexto implicava a que o que era escrito fosse assumido, convictamente e com margem para discussão. Junte-se a diversidade dos intervenientes, de campos e horizontes muito diversos, políticos, culturais, religiosos, literários, artísticos…

Muitos deles tornaram-se, e foram, figuras de relevo no e pós 25 de Abril e, uma vez mais, nos mais variados sectores. Mas também aí tinham uma matriz comum; pensavam, partilhavam, combatiam em nome de ideais, eram amigos e inimigos! E assim pensaram o país, a literatura, a política, a religião, o jornalismo…

Ao fazer memória desses tempos e atitude, partilha-se uma certa nostalgia do tempo em que, mesmo não o tendo vivido, a dinâmica instalada era e é inspiradora.

Não basta, como hoje vemos e assistimos, sermos especialistas do tudo e do nada, mandando bitaites como se houvesse sempre na nossa voz, a verdade.

C, o que desenhamos e o que deixamos como herança. Na cidade que habitamos, na família que gerimos, nas actividades exercidas, nas esplanadas das ideias partilhadas, nos copos cheios de intelectualidade do liceu, nos projectos inspirados nas dinâmicas que vimos noutras cidades!

Somos o último grito do que acontece! Mas será que acontecemos em plenitude ou nos resignamos a ser meros e ilustres companheiros de ideias vagas assentes em preconceitos nada fundamentados, onde a cor do subversivo acalenta a convicção da originalidade?

Faltam revoltas à nossa volta. Faltam revoltas dentro de nós. E a verdade é que é o tempo para fazer.

Venha o modo!