Opinião
O efeito reprodutor do órgão
(...) geramos um Chefe de qualquer categoria, o qual passa a existir como tal, ganha uma dignidade institucional e, consequentemente, sente a obrigação de começar perorar sobre assuntos sobre os quais, porventura, não sabe nada.
Manuel Vázquez Montalbán (1939-2003), notável jornalista, ensaísta, poeta, romancista e gastrónomo catalão, escreveu uma obra monumental, totalmente romanceada, chamada “Autobiografia do general Franco” (1992), o ditador espanhol de todos conhecido. Nessa “Autobiografia”, a certa altura, o autor atribui ao General Franco a seguinte frase, mais ou menos porque cito de cor, “o Órgão cria a Função e a Função faz o Homem”.
Se não me equivoco, quereria Montálban/Franco dizer que, se criarmos numa empresa ou num organismo do Estado, um Órgão (direcção, departamento, secção, Comissão ou seja o que for), o dotarmos com alguns meios (orçamento, uma mesa, uma cadeira e, porventura, um computador), estamos a criar uma Função (mesmo se completamente inútil) e se a seguir sentarmos lá uma pessoa, mesmo se um incompetente, geramos um Chefe de qualquer categoria, o qual passa a existir como tal, ganha uma dignidade institucional e, consequentemente, sente a obrigação de começar perorar sobre assuntos sobre os quais, porventura, não sabe nada.
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