Opinião

O confronto com a realidade

17 jul 2017 00:00

Ao longo do último ano e meio Portugal viveu um período de alguma euforia provocada pelo novo Governo de António Costa, pela reversão de algumas medidas de austeridade do governo anterior e pelo anunciado aumento do poder de compra dos portugueses.

Essa euforia foi ajudada pelas circunstâncias internacionais, que provocaram um grande aumento da procura turística do nosso país por milhões de estrangeiros e pela procura do imobiliário nacional provocada pelo governo de Passos Coelho com a política dos Vistos Dourados, bem como pela política do BCE de dinamização económica e de protecção aos países com grandes dívidas, através de juros baixos e de dinheiro fácil.

Também o anúncio de que o défice do OE estava na casa dos 2% afastou algumas preocupações sobre o futuro da dívida e, não menos importante, o Presidente da República desdobrou-se em mensagens positivas junto do povo, que conduziram a um novo clima de desanuviamento, ajudado ainda pela vitória de Portugal no europeu de futebol.

Em poucos meses era como se a austeridade tivesse desaparecido com a condenação do governo PSD/CDS e Portugal tivesse renascido, ideia promovida quer pelo Governo quer pelo Presidente da República, como pela maioria dos meios de comunicação e até a União Europeia ajudou à festa com um comportamento muito mais acomodatício do que antes.

Entretanto, desvaneceram-se também as dúvidas sobre o comportamento dos partidos à esquerda do PS, partidos que demonstraram uma surpreendente colaboração com as regras do regime político que tinham tentado descredibilizar durante anos. Tudo bem portanto.

*Empresário

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