Opinião

Música | Leiria no mapa, finalmente

9 fev 2024 09:00

Felizmente, a arte está mais acessível e Leiria consegue estar na linha da frente com uma oferta cultural de se lhe tirar o chapéu

Já lá vai o tempo do “Lisboa é a capital e o resto é província” no que toca a atividades culturais. Nas outras áreas, não me meto, mas Lisboa deixou de ser a única cidade do país com uma agenda cultural interessante, naturalmente terá mais eventos e diversidade – assim como o Porto -, no entanto, é bonito ver os roteiros culturais de muitas regiões portuguesas a fervilhar com música, teatro, dança, exposições, literatura, artes performativas e tudo à volta. Existem programas cuidados e pensa-se a cultura, coisa que há uns anos era mais “meia bola e força”, com os focos virados para os artistas mais populares. Agora, felizmente, a arte está mais acessível e Leiria consegue estar na linha da frente com uma oferta cultural de se lhe tirar o chapéu.

No Festival Leiria Cidade Criativa, em dezembro passado, encontrei à saída do Teatro José Lúcio da Silva um rapaz que trabalhou comigo numa das agências de meios mais conceituadas do mercado, situada no coração de Lisboa, e que me contava que tinha deixado a capital para começar uma nova vida em Leiria, a viver em Chãs. Dizia-me que não perdia um evento cultural na cidade e que no pouco tempo que levava da região, já tinha assistido a mais eventos culturais do que em anos a viver em Lisboa. Qualidade de vida também é isto: ter a cultura ali à mão.

No outro dia vi uma grande notícia: Mick Harvey regressa a Portugal. E eu, grande apreciador do músico, fui logo ver quando era em Lisboa para comprar o ingresso. Pois, acontece que o artista ainda não tem data para Lisboa. Sabem onde vai ele tocar? Leiria, no dia 30 de maio, presumo eu que seja no Teatro José Lúcio da Silva (não vi a sala anunciada ainda). Mick Harvey fez parte dos The Birthday Party e The Bad Seeds, colaborou com PJ Harvey, Anita Lane e Nick Cave e vem a Leiria com Phantasmagoria in Blue, um disco novo em sociedade com a mexicana Amanda Acevedo. Mais versões, que Mick Harvey tão bem sabe trabalhar. Spoiler alert: no alinhamento aparece “Song to the Siren”.

Mick Harvey, Tindersticks, John Cale, Wim Mertens, Current 93, Blixa Bargeld, Young Gods ou Panda Bear & Sonic Boom são só alguns dos nomes que em tempos idos apenas conseguiríamos ver em Lisboa ou no Porto. Agora há quem aposte em Leiria, mesmo que nem sempre tenha o retorno merecido. Claro que haverá sempre quem não aproveite nada disto, critique a falta de oferta cultural e que até prefira ir bem longe ver um concerto qualquer que, por acaso, até acontece também em Leiria. Mas “that’s life”, já cantava o Frank Sinatra. E ria e dançava o Joker.