Opinião
Música | Discursos musicais II
O negócio da música é cruel e fútil, um longo corredor de plástico, onde bandidos e chulos são livres e homens bons morrem como cães. Mas há também um lado negativo – Hunter S. Thompson, jornalista e escritor
Há muita gente no mundo da música (e não só) que diz coisas pertinentes ou simplesmente tem memórias engraçadas. São verdadeiras enciclopédias. Porque não compartilhar com todos vós? É uma geração com ou sem distorção.
7. O negócio da música é cruel e fútil, um longo corredor de plástico, onde bandidos e chulos são livres e homens bons morrem como cães. Mas há também um lado negativo – Hunter S. Thompson, jornalista e escritor.
8. Divulgou-se uma ideia viciada entre as pessoas que nos procuravam. A ideia de que nós não éramos pagos pelo nosso trabalho. Uma espécie de elogio da pobreza; […] as condições difíceis em que cantávamos: salas inadequadas, público ruidoso, maus transportes […] necessitávamos de nos defender […] criar a estrutura de que estávamos carenciados, a qual, não sendo uma agência de espetáculos, atuasse como suporte ou garante de qualidade daquilo que nós produzíssemos, impedindo de cair na esparrela do “o que é preciso é aparecer”. – Zeca Afonso, músico.
9. De uma forma mais ou menos idealizada achei sempre que corre tudo muito melhor quando os fotógrafos são amigos dos músicos, quando viajam com eles, quando partilham as suas experiências, os seus gostos e rituais – Victor Torpedo, músico e produtor.
10. Somos a primeira geração que se pode divertir à vontade sem o espectro da guerra, e isso muda tudo. Somos a primeira geração em que os filhos das classes mais baixas podem continuar a estudar e não têm de ir trabalhar aos 14 anos, como foram os meus tios. A própria classe operária começa a ganhar mais dinheiro e os filhos podem comprar instrumentos. Isso muda tudo – Rui Vasco, fotógrafo.
11. Periodicamente as sociedades parecem estar sujeitas a acessos de pânico moral. Uma condição, um episódio, uma pessoa ou um grupo de pessoas emerge e é descrito como uma ameaça aos valores e interesses da sociedade – Stan Cohen, académico.
12. Você sai de uma condição de miséria para ir para onde todas as luzes estão acesas, ir para o centro era… a gente se alimentava de luzes, de vitrines, as roupas. A gente vinha na Paulista, nas lojas de discos para ver os posters e as capas, as músicas, os cabeleireiros (…) todo o gestual, o ritual da juventude negra. Era lindo de ver – Mano Brown, músico dos Racionais Mc’s.
13. Nos Estados Unidos fomos tocar ao Whisky a Go Go que fica na famosa Sunset Boulevard. Telefonávamos ao promotor, andávamos 10, 15 quilómetros e voltávamos para trás, pois aquilo não podia ser. Só depois é que descobrimos que só aquela avenida tem 46 quilómetros – Victor Torpedo, músico e produtor.
14. Havia poucos gira-discos. Vendiam-se poucos discos, o mercado era muito de singles. Estávamos a sair do 25 de Abril – Rui Veloso, músico.