Opinião

Música | Concertos de Primavera

1 jul 2023 12:35

Poucos dias depois, vi na Culturgest os Swans, mítica banda do não menos mítico Michael Gira. O som que faltou no Campo Pequeno, afinal estava todo ali ao lado. E resultou. Foi um concerto excecional

No meu último texto deste jornal escrevi que se fosse ver o concerto do Bob Dylan contava como foi. Não fui. Estive quase, quase, mas depois de ter visto o Chico Buarque na mesma sala, dias antes, com um som péssimo, optei por fazer uma pausa nos concertos do Campo Pequeno. Ali talvez funcionem melhor concertos com outro tipo de voltagem, como os Arcade Fire, que deram um concerto memorável com o palco no meio da arena.

Não tem sido habitual por estes lados, mas num curto período vi três concertos de gente com muita história na cena musical: Chico Buarque, Swans e Pet Sop Boys. Para o Chico Buarque já tinha comprado os bilhetes com a devida antecedência, mas para os outros foi uma decisão de última hora e, curiosamente, a coisa correu bastante melhor.

Ver um concerto de Chico Buarque nunca é mau, mas de um artista desta dimensão, estamos sempre à espera do “concerto das nossas vidas”, tal como sucedeu com o Leonard Cohen ou acontece ainda com o Bruce Springsteen. Nesta passagem por Lisboa, o cantor brasileiro dividiu o palco com a cantora Mônica Salmaso, que interpretou boa parte do repertório, e a sensação que ficou foi a de termos assistido a uma gala do The Voice Brasil, mas com pior som. Não é que estivesse à espera de um desfile de êxitos, mas talvez tivesse sido melhor opção e, em vez de ter uma cantora de suporte, tinha o público a fazer esse papel, tal como aconteceu na canção “João e Maria”, a finalizar o espetáculo.

Poucos dias depois, vi na Culturgest os Swans, mítica banda do não menos mítico Michael Gira. O som que faltou no Campo Pequeno, afinal estava todo ali ao lado - à entrada deram tampões para os ouvidos e tudo. A preocupação era tanta com o som, que logo a arrancar, Michael Gira ainda soltou um ou outro “fuck” colocando os técnicos em sentido. E resultou. Foi um concerto excecional, à volta dos discos Leaving Meaning, de 2019, e do mais recente The Baggar, de 2023.

Surpreendente, foi a minha ida ao Primavera Sound. A caminho de Leiria, faço um desvio e acabo no Porto a ver os Pet Shop Boys, banda que nunca fez parte das minhas preferências, mas que até começo a compreender melhor. Aqui não houve volta a dar: todo o concerto foi um greatest hits, um jackpot de sucessos, e é impressionante a quantidade. Grande espetáculo pop, sim senhores!