Opinião
Música | Cinco discos de 2021 para ouvir em 2022
Aí está um nome novo da música brasileira a fixar. Ora escutem e surpreendam-se
Os anos passam e mais difícil se torna escolher vinte ou trinta discos para inserir nas habituais listas dos melhores do ano. Admiro os profissionais e melómanos capazes de o fazer, mas eu, sinceramente, não tenho tempo.
Com as discografias de toda a gente à mão de semear, gasto mais horas a descobrir álbuns e artistas do passado, do que propriamente a acompanhar as novidades. Mas nos intervalos, vou ouvindo alguma coisa. Nesta altura, gosto sempre de conhecer as listas dos amigos e da imprensa e assim, como já aqui referi há umas edições atrás, atalho caminho e fico logo a conhecer os destaques todos do ano.
Na ronda que fiz pela internet, fiquei a saber que a Pitchfork elegeu o trabalho de Jazmine Sullivan Heaux Tales como o melhor de 2021; a Rolling Stone escolheu Olivia Rodrigo com Sour; a Les Inrocks colocou no primeiro lugar Squid Bright Green Field e o New Musical Express optou por dar o primeiro lugar a Sam Fender com Seventeen Going Under.
Em Portugal gosto sempre de ver as escolhas da Blitz, mas com o ataque informático de que foi alvo, não consegui perceber qual o disco eleito. E nenhum destes discos faz parte da minha pequena lista de sugestões. Ora vejam:
1 - 10 000 Russos Superinertia. O trio do Porto já vai no quinto álbum com este Superinertia editado pela Fuzz Records. krautrock, stoner, pós-punk andam por aqui às turras, mas é nos sintetizadores que a banda vai procurar caminhos ainda por desbravar, daqueles meio escuros e sombrios, mas que a dado momento são iluminados por um raio de sol. E aí até somos capazes de dançar.
2 - Snail Mail Valentine. Segundo trabalho assinado pela cantora e compositora norte-americana Lindsey Jordan, que passou um mau bocado antes de gravar Valentine. As letras não escondem esse período instável e, apesar de triste, há por aqui alguma beleza e melancolia, num disco pautado pela guitarra.
3 - The War On Drugs I Don’t Live Here Anymore. Ao quinto álbum de estúdio, The War on Drugs prosseguem com a sua narrativa romântica assente em guitarras e sintetizadores. Tudo belo e trágico, como manda a lei dos amores e desamores.
4 - Japanese Breakfast Jubilee. Não foi um ano fácil para ninguém e pelos vistos também para Michelle Zauner, multi-instrumentista que é a cara deste projeto. Mais um disco de contrastes, que ora mergulha na profunda tristeza, ora se ergue das cinzas. Cordas, metais e bateria em alguns temas mais orquestrais, elevam este disco a um nível diferenciado.
5 – Bonifrate Corisco. Aí está um nome novo da música brasileira a fixar: Pedro Bonifrate. Novo, que é como quem diz: o artista carioca já tem alguns trabalhos editados. Mas Corisco surpreende pelo seu existencialismo assente numa sonoridade que raramente associamos à música brasileira. Ora escutem e surpreendam-se.