Opinião

Música | Cheers!

14 mar 2025 08:17

Os Filipes têm sido um porto de abrigo, um porto seguro, garantindo nova vida e interpretação à deixa de Sérgio Godinho: “Eu estive quase morto no deserto e o porto aqui tão perto”

Estávamos no ano de 1987 e em vários pontos do globo esperavam-se bebés que seriam conhecidos por Kendrick Lamar, Joss Stone ou Courtney Barnett. Nos Estados Unidos, Kurt Cobain e Krist Novoselic fundaram os Nirvana ao mesmo tempo que Black Thought e Questlove fundaram os The Roots. Whitney Houston queria dançar com alguém e as Bangles ensinavam-nos a dançar como egípcios.

Na Bélgica, apareciam os Technotronic, no Japão, o Futebol Clube do Porto levantava a Taça Intercontinental e na Argentina nascia Lionel Messi. O pequeno ecrã recebia as primeiras imagens dos Simpsons ou das tartarugas ninja e o grande ecrã enchia salas com Robocop, Dirty Dancing, Atracção Fatal, Platoon ou Bom dia Vietname.

Descobria-se a fórmula do Prozac, criavam-se lentes de contacto descartáveis, passava a poder regravar-se um CD e, mais rápido que o Nelson Piquet a dar curvas, só mesmo a bolsa de Nova Iorque a cair mais de 20% na black monday de 1987.

Por cá conhecíamos a primeira maioria absoluta, dizíamos adeus a Zeca Afonso e podíamos escutar as primeiríssimas gravações de Mão Morta, Pop Dell’Arte ou Ena Pá 2000.

Enquanto tudo isso, no Terreiro, já se malhava um copo n’Os Filipes.

Crescemos por lá e é por lá que, ao longo de décadas, nos continuamos a encontrar (a nós e aos nossos). Os Filipes têm sido um porto de abrigo, um porto seguro, garantindo nova vida e interpretação à deixa de Sérgio Godinho: “Eu estive quase morto no deserto e o porto aqui tão perto”.

Muito obrigado e venham muitos mais! À vossa!