Opinião

Meu querido mês de Julho!

17 jul 2025 16:21

Estas maravilhosas pessoas com que me cruzo, proporcionam infinitas manifestações de criatividade e múltiplas formas de expressão 

Julho é o mês onde uma parte importante do meu ano lectivo vem terminar, depois de o mesmo ter já acontecido, no mês anterior, na ESECS, na José Saraiva, e nos Jardins de Infância públicos. Este mês, especialmente trabalhoso, intenso, e por vezes atribulado, constitui o grande desafio e o enorme prazer de fazer acontecer uma espécie de corolário de todo o trabalho desenvolvido durante o ano inteiro.

E uso o termo “corolário” porque o espectáculo de final de ano é isso mesmo, pese embora todo o trabalho coreográfico ser novinho em folha, especialmente criado para essa noite. Ele é uma consequência lógica, o resultado natural de um processo que começa em cada Setembro e que inclui aulas, empenho, e superação de dificuldades na aprendizagem de técnicas, evidentemente, mas que também é feito de conversas próximas, da resolução de problemas pessoais, da preparação de pequenas mas muito diversificadas apresentações públicas, de muito riso e de uma muito forte ligação dos alunos, dentro da cada classe.

Quando chega Julho e todos se começam a encontrar muito mais por via de um novo horário para ensaios, o sentido de pertença à escola torna-se muito presente, com muita entreajuda e muita animação, e tudo o que se vai construindo tem o cunho forte de sermos “nós”. As alunas mais velhas passam lá o dia todo, por opção, e tomaram em mãos a criação de todos os objectos de cena, sob a orientação de quem sabe bem como se faz, e dirige o muito criativo ATL, programado, durante todo este mês, para os mais pequenos.

É um ambiente feliz, de comprometimento com um projecto comum, entusiasmado, de grande proximidade, e altamente criativo, que me faz ter a certeza de não me ter enganado no caminho que escolhi, e que percorro muitíssimo bem acompanhada pela Sofia, pela Marta e pela Patrícia, que comigo trabalham em diferentes áreas.

Mas há outros alunos, de outras idades: a classe das 17 séniores, que também por ali ensaiam para o espectáculo, perante os olhares curiosos das alunas pequenas que se entusiasmam com a ideia de verem “avós” a dançar, e o grupo de ex-combatentes e algumas das suas mulheres, que não participarão neste espectáculo de final de ano, mas que se preparam já para um outro, e que na última sexta-feira terminaram a dançar Deep Purple com os alunos que por ali andavam!

E neste magnífico mês de Julho, tenho ainda os ensaios com os meus fantásticos bailarinos da prisão-escola, que irão dançar no Teatro JLS uma remontagem da peça que criei com eles em residência artística, no ano passado. Estas maravilhosas pessoas com que me cruzo, dos 3 aos 93, com diferentes formas de ser, de viver, de sentir, e de fazer, proporcionam inesgotáveis possibilidades de movimento, infinitas manifestações de criatividade e múltiplas formas de expressão, aumentando a consciência de si próprios, e a da preciosa diferença, dos outros.

E todos os cruzamentos de diferentes olhares, ideias, e emoções vão construindo e alimentando afectos que nos ligam, muitas vezes, para toda a vida. É para o que serve, esta nossa Dança!