Opinião
Letras | José Mário Branco, Ser Solidário – Barca do Inferno, Mafalda Brito e Rui Pedro Lourenço
Escrevem e desenham para continuar a lembrar os mais novos que há caminhos para sermos felizes, e aos adultos para ter esperança
Uma edição da Barca do Inferno e desta feita, sobre uma das figuras incontornáveis da história e cultura portuguesa, representante de tudo o que representa a música, artes e a liberdade, José Mário Branco.
Escreveu muito e perguntou muito, sobre aquilo de que se sentia privado para ser feliz. Sobre o que nos faria felizes como comunidade. Lutou por essa “menina gigante que era a música” e sonhou um dia “quando eu for grande, quero ser um bichinho pequenino, para me poder aquecer na mão de qualquer menino. Quando eu for grande, quero ser mais pequeno que uma noz, para tudo o que sou, caber na mão de qualquer de vós”.
A reflexão que estes livros nos fazem, preponderantemente para crianças, é a mesma dos contos infantis para adultos, recuperar a nossa memória do futuro, em criança. Limpar as arestas do que se tornou adulto, e no meio do trabalho, da vida mundana, dos ataques à paz que o mesmo mundo tende a nos provocar, encontrar aquilo que para nós na infância começou a fazer sentido.
Ficamos sempre mais descansados quando recordados destes combatentes da paz que lutaram por um bem que hoje em dia parece ser levianamente tratado, mas que em certos dias, nos parece fazer parte dum filme de heróis e que temos de estar preparados para a luta na vida real. E não queremos. Temos medo, naturalmente. Queremos viver e ser felizes. Ninguém quer ir para uma guerra que nos priva da paz, e essa guerra parece querer entrar pelas notícias e as redes sociais como combustível ao fogo que é o medo latente, onde alguns agentes da modernidade nos querem fazer deflagrar.
Alguns soldados da paz da modernidade, surgem localmente, manifestando a memória colectiva pelo bem e a liberdade. Escrevem e desenham para continuar a lembrar os mais novos que há caminhos para sermos felizes, e aos adultos para ter esperança. Que a luta pode ser por acolher alguém que pode estar com mais medo do que nós, de ajudar sem sermos duma só cor, de assumir o manifesto da entreajuda, muito mais do que uma política.
Uma vez mais, apresento neste cantinho, pessoas que com sacrifícios e iniciativa particular, fazem o bem pela comunidade sem esperar algo em retorno, senão a felicidade em si mesma. Obrigado Mafalda e Rui Pedro.