Opinião
Letras | Aisha – Ana Gilbert, Paulo Kellerman
Esta colaboração diz-nos que a memória tem de prevalecer para iluminar a história em tempos de escuridão e de tentativa de encobrimento
Esta colaboração surgiu no âmbito do projecto Fotografar Palavras, com origem em Leiria e já com expansão internacional. O projecto promove a junção entre fotógrafos e poetas, estabelecendo uma relação entre fotografia e poesia que desenvolve a prática artística e aproxima pessoas interessadas nessas duas formas de expressão.
Esse tipo de relação incentiva a continuidade além do evento inicial e contribui para o desenvolvimento criativo dos participantes, sejam eles amadores ou profissionais. Busca-se dar significado às experiências por meio da partilha de obras.
O nome Aisha tem origem árabe e significa “viva”, “cheia de vida” ou “a que vive”, podendo também remeter à vitalidade, prosperidade e energia (significados podem ser encontrados em fontes online ou por meio de inteligência artificial). No contexto deste trabalho realizado por Paulo Kellerman e Ana Gilbert, destaca-se a abordagem sobre questões relacionadas à dignidade humana, especialmente dentro de situações extremas, como cenários de conflito, exemplificados por perguntas de um filho a seu pai, levando à reflexão sobre temas como entendimento, justiça, dor, crueldade ou morte.
Mais do que extremamente útil esta colaboração diz-nos que a memória tem de prevalecer para iluminar a história em tempos de escuridão e de tentativa de encobrimento. Há lá coisa mais justa do que a curiosidade duma criança? O amor pueril pelos seus pais? Qual a razão para se matar inocentes?
Questões que à luz da evolução humana já não deveriam sequer fazer parte da sua existência, mas que infelizmente prevalecem e desolam.
“Porque a guerra nos apanha na vírgula e já não sabemos continuar”.
Segundo o site oficial da Unicef mais de 50.000 crianças foram mortas ou feridas desde outubro de 2023.
Os 23 textos e 23 fotografias foram produzidos em 2023, ano em que teve início o conflito em Gaza.