Opinião

Investir

4 fev 2016 00:00

A região de Leiria, acredita, tem potencialidades para se afirmar no contexto cultural e valor suficiente para ser Capital Europeia da Cultura, em 2027. Mas a candidatura exige a união de esforços, matéria onde a região nem sempre esteve à altura

Não estaremos ainda livres das dificuldades que assolaram famílias e empresas nos últimos tempos, mas quem fala diariamente com empresários nota que existe hoje um nível de confiança que não se registava há dois ou três anos.

E isto está a traduzir-se em novos projectos, que criam emprego e riqueza para o distrito. São vários os exemplos de empresas da região que estão a investir em inovação, tecnologia, novas unidades produtivas e internacionalização, entre outros aspectos.

Os dados divulgados pelas entidades gestoras dos programas de apoio disso dão conta. Nesta edição, apresentamos três casos, entre os muitos existentes na nossa zona, que mostram que os empresários não baixam os braços e continuam a trabalhar todos os dias para que os seus negócios sejam mais competitivos e criem emprego.

Mas como não há bela sem senão, pena é que nem sempre os postos de trabalho criados apresentem perspectivas de futuro para quem os venha a ocupar. São muitas vezes estágios profissionais, subsidiados pelo Estado por um ano, findo o qual a pessoa tem de procurar novo “estágio”.

Para eventualmente ser substituída por outra nestes ou em moldes semelhantes. Pena é ainda que os mais velhos (infelizmente, em Portugal, o mercado de trabalho considera velha uma pessoa com mais de 35 anos) não encontrem oportunidades. Muitas vezes nem sequer recebem resposta aos currículos que enviam.

Num País que não tem dinheiro para pagar reformas, e onde todos teremos de trabalhar até mais tarde, não estarão as empresas (há honrosas excepções, naturalmente) a desperdiçar experiência e conhecimento?

Sim, porque estes obtêm-se com o tempo, fazendo, trabalhando. Não quando se tem vinte e poucos anos e se acabou de sair da faculdade. Mas são estas pessoas que a maioria das empresas quer: jovens, com formação superior, vários anos de experiência, domínio de línguas e competências sociais diversas.

E de preferência a ganhar pouco mais do que o salário mínimo nacional. Mais uma vez: há honrosas excepções e a nossa região tem muito bons exemplos de empresas para as quais a responsabilidade social é ponto de honra. Se o investimento na economia é necessário, não menos importante é o investimento na cultura, que infelizmente tende muitas vezes a ser menosprezado.

Esta é uma das áreas que têm uma “capacidade impressionante” de promover a mudança nas cidades, e nas sociedades. A cultura “cria união e identidade”, como frisa o vereador Gonçalo Lopes em entrevista nesta edição.

A região de Leiria, acredita, tem potencialidades para se afirmar no contexto cultural e valor suficiente para ser Capital Europeia da Cultura, em 2027. Mas a candidatura exige a união de esforços, matéria na qual nem sempre a região esteve à altura noutras ocasiões. Esperemos que agora saiba unir-se em prol de um bem maior.