Opinião
É agora
As dificuldades das pessoas não vão de férias à espera da rentrée
Nos últimos meses, a subida generalizada do preço de bens essenciais tem trazido grandes dificuldades às famílias portuguesas.
Ainda por cima, são as famílias de mais baixos rendimentos que mais vulneráveis estão a esta escalada de preços, uma vez que o peso dos bens alimentares no seu orçamento mensal é superior (cerca de 20%) ao que sucede noutros países e em comparação com famílias mais ricas.
Para além de que Portugal foi o terceiro país da Zona Euro onde o preço destes bens mais subiu.
Porém, esta subida dos preços tem trazido mais receita fiscal para os cofres do Estado.
E em níveis absolutamente históricos. Quando a previsão de crescimento da receita era pouco mais de 6% para este ano, na primeira metade do ano já ia em quase 30%.
Se é verdade que o Governo não pode ser responsabilizado pela inflação registada, com o consequente aumento dos preços de bens essenciais, o mesmo já não pode ser dito em relação às suas ações ou, neste caso, omissões, pela mitigação das dificuldades que as pessoas enfrentam.
Recorde-se que há umas semanas o Governo veio anunciar que em setembro seriam anunciadas medidas de apoio às pessoas.
Ou seja, tratou-se do anúncio do anúncio.
Ora, as famílias portuguesas têm sido confrontadas com aumentos em bens tão essenciais como a alimentação, a eletricidade, os combustíveis, a água, as rendas das casas, e agora, a prestação do banco para quem tem crédito bancário.
Se está já garantida a arrecadação de mais de três mil milhões de euros de receita face ao que estava previsto, é da mais elementar justiça que parte desta verba seja destinada a apoiar aqueles que mais precisam.
Até agora foram apenas atribuídos vales no valor de 60 euros, por duas vezes, o que, face aos aumentos que se têm verificado, foi um apoio que já foi largamento consumido pelo aumento dos preços.
São precisas mais respostas.
E estas medidas já deviam estar anunciadas e implementadas.
As dificuldades das pessoas não vão de férias à espera da rentrée.
É agora que o Estado tem de garantir que as pessoas não ficam para trás.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990