Editorial

Dinâmica de vitória

25 mai 2023 09:38

Quando se acredita, seja em que área for, todos ficam a ganhar

A União Desportiva de Leiria conquistou o título de campeã da Liga 3, num jogo disputado no passado fim-de-semana, no Estádio do Jamor, frente a um histórico do futebol nacional: o Belenenses. Nas bancadas do mítico recinto desportivo, voltaram a agitar-se milhares de bandeiras vermelhas e brancas e voltaram a ouvir-se milhares de vozes, em uníssono, a gritar por Leiria. No final, a Taça rumou à cidade do Lis.

Depois de uma quase travessia no deserto, o Leiria (como muitos adeptos gostam de lhe chamar) consolidou uma dinâmica de vitória, assente não só no trabalho dos jogadores e equipa técnica, mas também numa cultura de identidade e envolvimento da população, bem visível no crescente apoio ao grupo de trabalho, quer nos jogos disputados no Magalhães Pessoa, quer nas deslocações aos terrenos adversários.

Claro que há sempre quem procure desvalorizar esta e outras vitórias do género, recorrendo aos mais diversos argumentos. Ou porque os bilhetes para os jogos eram oferecidos, porque havia espectáculos musicais antes ou depois das partidas, porque tudo isto não passa de uma moda passageira, ou até porque a ascensão da União de Leiria ao patamar do futebol profissional não aquece nem arrefece no que toca ao desenvolvimento do concelho ou da região.

Há três semanas, nas páginas deste jornal, Álvaro Beleza, médico e presidente da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, colocava o dedo numa das feridas endémicas da sociedade portuguesa ao afirmar: “Temos de deixar crescer, deixar voar e deixar de ser invejosos”.

Independentemente de estarmos perante uma conquista de uma equipa de futebol, e reconhecendo que nem todos são obrigados a gostar desta modalidade ou do modelo de gestão da equipa que joga de castelo ao peito, a verdade é que foi alcançada mais do que uma vitória desportiva.

Os adeptos, desde os mais antigos aos mais novos, recuperaram o orgulho no emblema da sua cidade, porque acreditaram que a união, o trabalho, esforço e capacidade de resiliência iriam dar os seus frutos. E quando se acredita, seja em que área for, todos ficam a ganhar.