Opinião
Crescer melhor e não apenas mais...
Não nos esqueçamos que o turismo é um recurso que se regenera, se for bem gerido
Num momento em que o crescimento do turismo internacional parece imparável, conforme análise do Banco Mundial, Portugal regista um feito notável: a redução da sua histórica dependência da sazonalidade turística. O setor, que durante décadas concentrou receitas em poucos meses e territórios, começa a evidenciar sinais de maturidade estrutural.
Segundo o Expresso, o índice de sazonalidade atingiu o valor mais baixo desde que há registo. Há mais turistas fora da denominada “época alta”, há mais procura em destinos alternativos e há uma distribuição mais equilibrada da atividade. Esta evolução resulta da definição e implementação de uma estratégia política que incluiu novas rotas aéreas, eventos ao longo do ano, valorização do património no interior e uma crescente oferta diversificada.
A previsão de crescimento sustentável do turismo global, de 5% ao ano até 2030, deve servir de alerta. O desafio não está apenas em atrair mais visitantes, mas em assegurar que esse crescimento não comprometa os territórios, os residentes e os próprios recursos que tornam Portugal um atrativo destino turístico.
Reduzir a sazonalidade é apenas uma peça da engrenagem do motor. É fundamental continuar a reforçar o investimento em turismo responsável, em inovação, em qualificação profissional (...).
Precisamos de um turismo que crie valor económico, social e cultural. Portugal está no bom caminho. Importa não perder o foco e reforçar o crescimento do turismo que gera benefícios, presentes, sem hipotecar o futuro, para quem nos visita, para quem aqui vive e para as próximas gerações.
Não nos esqueçamos que o turismo é um recurso que se regenera, se for bem gerido. Continuar a crescer, sim. Mas com inteligência, ética e visão. Porque no fim será isso que distingue os destinos que apenas acolhem turistas daqueles que verdadeiramente os inspiram...
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990