Opinião
As desigualdades: um problema dramático
O aumento das desigualdades é prejudicial e destrói as sociedades atuais
Nos últimos 30 anos, o fosso entre os ricos e os pobres tem aumentado na maioria dos países, tendo atingido no último ano o nível mais elevado.
Nos países membros da Organização para o Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) os 10% mais ricos da população auferem um rendimento 9,6 vezes superior ao dos 10% mais pobres.
Nas últimas duas décadas do século passado, a diferença era de 7:1 e 8:1. Na primeira década do presente século a diferença já era de 9:1.
Curiosamente, a diferença aumenta mais nos países desenvolvidos do que nos em desenvolvimento.
A crise da pandemia agravou ainda mais a situação, sobretudo devido ao aumento do desemprego e à subida generalizada dos preços que levou a uma quebra substancial do poder de compra das famílias.
O aumento das desigualdades é prejudicial e destrói as sociedades atuais. Além do impacto que tem na própria coesão social, também é economicamente prejudicial.
A OCDE estima que entre 1985 e 2005 o impacto negativo no PIB terá sido, em média, de 4,7% nos países da OCDE.
Importa refletir sobre os seguintes dados publicados pela OCDE, que demonstram as desigualdades a diferentes níveis.
- Rendimentos: 10% dos mais ricos detém 52% do rendimento mundial, os 10% mais pobres 8,5%;
- Património: 10% dos mais ricos detém 76% do património mundial, os 10% mais pobres 2%;
- Emissões de CO2: 10% dos mais ricos são responsáveis por 48% das emissões mundiais, os 50% mais pobres são responsáveis por 12%;
- Rendimento do trabalho nos géneros: Homens 65% dos rendimentos do trabalho, mulheres 35% dos rendimentos do trabalho.
Para assegurar um real combate às desigualdades é fundamental a confiança nas instituições, um forte investimento na formação e qualificação das pessoas e na promoção de empregos de qualidade, isto é, que permitam possibilidades de carreira e de investimento por forma a proporcionarem mobilidade social.
Nota: Será que a prisão de Filipe Vieira, Joe Berardo, José Sócrates e Manuel Pinho são sinónimo da justiça a funcionar e de uma mudança de paradigma em Portugal? Será que os poderosos deixaram de brincar com todos nós?