Opinião
Alguém se atreve a escrever uma história do rock em Leiria?
E foi assim, quase sem querer, que três autores, dispersos pelo país, acabaram por criar aquilo que já parece um movimento nacional de fazer história com a música pop/rock daquilo a que trivialmente se chama “a província”.
Como evidencio no seu capítulo inicial, o objetivo que presidiu à escrita do meu recente livro Os alcobacenses também podem ser elétricos/subsídios para uma história do rock em Alcobaça, publicado pela Chiado Editora em outubro de 2016, foi, “essencialmente, delinear preto no branco e o mais rigorosamente possível, aquilo que em Alcobaça fez história para uma hipotética história do rock em Portugal”.
Idealizando eu que o interesse desse trabalho era apenas local, logo fui confrontado por Camila Figueiredo, que acabaria por ser a sua coordenadora editorial, com a ideia de que essa abrangência era nacional, em virtude de o seu conteúdo representar o que de um ou outro modo se teria passado um pouco por todo o país.
E assim foi esse meu livro publicamente apresentado e tem feito a sua carreira no mercado, de um modo cuja evolução tem sido muito feliz.
Desconhecia eu então que esse meu livro não era caso único no nosso país, até ao dia em que o meu eterno amigo Márix Silva, que há algumas décadas conheci como roady dos emblemáticos Ex-Votos, me revelou aquela que penso ser uma produção pioneira do género em Portugal: o livro Guimarães-50 Anos de Pop Rock, de autoria de Paulo Coimbra Martins, publicado pelo Cineclube de Guimarães em julho de 2013.
Exercício literário que começou por ser um Dicionário de Bandas (do concelho) de Guimarães, evoluindo posteriormente para uma produção bibliográfica muito mais abrangente e ambiciosa.
Essa via acabou por me conduzir a outro precioso e ainda mais extensivo livro sobre o mesmo tema, editado pela Âmago da Questão e publicado em 2015, em Torres Novas. O seu autor é João Carlos Lopes, jornalista e ativista cultural torrejano, sendo o seu sugestivo e irónico título Nós queríamos ser artistas/Para uma história da música moderna em Torres Novas (1945-1982), afirmando-se como uma obra de caráter mais globalizante.
E foi assim, quase sem querer, que três autores, dispersos pelo país, acabaram por criar aquilo que já parece um movimento nacional de fazer história com a música pop/rock daquilo a que trivialmente se chama “a província”.
*investigador
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.
(O autor escreve segundo as regras do "Acordo" Ortográfico de 1992)