Opinião

Ainda há muitos “Manuelinhos” por cá

27 ago 2016 00:00

1. Na silly season que é Agosto, não se passa nada.

Para cumprir o espaço que o JL me reserva, cheguei a pensar enviar um “enlatado”. Mas o título que encabeça a primeira página do último JL, uma declaração de Jaime Mata Soares (JMS), presidente da Liga Nacional de Bombeiros, mostra que neste Agosto, afinal, acontecem coisas, e de grande gravidade.

Começo pois pelos fogos, essa fatalidade a que parece estarmos eternamente condenados, nesta altura do ano e não só. Já tinha sido alertado por José Gomes Ferreira, da SIC, que algumas vezes diz coisas acertadas como esta: “Há uma indústria de incêndios em Portugal… que beneficia com este tipo de crime”.

Esqueceu-se de referir que desta indústria também beneficiam as televisões ao exibirem horas e horas em directo desta calamidade que é o país a arder. Quanto poupam nos custos dos conteúdos? E quantos incendiários motivam com isso?

Mas foi a “bomba” de JMS à saída de uma audiência com o PR, afirmando alto e bom som que há uma onda terrorista devidamente organizada por detrás dos incêndios, que veio despertar-me para aquilo de que eu há muito desconfiava.

É impossível aceitar, de facto, que se trate de causa natural, quando uma frente de milhares de metros pega fogo em simultâneo. Depois, há toda uma série de “gentinha”, drogados, bêbedos, loucos, atrasados mentais, enfim, gente facilmente considerada inimputável, que creio serem a maior parte dos actores, a mando, desta tragédia.

Quem os motiva e lhes paga? Às vezes passam-me coisas esquisitas pela cabeça, que Deus me perdoe, mas chego a pensar que não haverá apenas razões económicas por detrás disto.

Que outras? Por que não políticas, se sempre dá algum jeito perturbar a vida à geringonça? Lembram-se da estória do Manuelinho, o louco de Évora, atrás de quem se escondiam, nos tumultos que provocavam, os conspiradores de 1640? Era inimputável e não era preso pelas desordens que supostamente provocava. Julgo que também hoje há muitos “manuelinhos” nos fogos que nos cercam.

*Economista

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