Opinião

Agora não há desculpas

13 fev 2022 15:45

Escusado será dizer que se espera que não voltem a ser cometidos os atropelos do passado

Nos últimos anos, o Governo liderado pelo PS tomou várias opções políticas, algumas das quais marcadamente ideológicas, mesmo quando nem sempre coincidentes com aquele que era o interesse público.

Recordo o exemplo dos hospitais em PPP, como o de Braga, que apresentava os melhores desempenhos em vários indicadores, representando – ainda por cima – uma poupança para o Estado naquele modelo de gestão, e a opção foi acabar com todas as PPP cuja renovação do contrato de concessão estivesse em causa.

A “desculpa” foi a circunstância do PS se ter colocado refém de BE e PCP, partidos mais radicais, e de ser obrigado a ir ao encontro das suas revindicações.

Uma desculpa débil, porque ouvindo as intervenções públicas de vários destacados dirigentes do PS, pouca diferença se notava em relação a alguns dirigentes de BE e PCP. 

Mas recordo esta história a propósito da inesperada maioria absoluta do PS obtida no dia 30 de janeiro.

Por um lado, são grandes os riscos do exercício menos correto dessa maioria: cá estaremos todos para travar eventuais abusos.

Estaremos, especialmente, atentos à forma como vier a ser executado o Plano de Recuperação e Resiliência, onde a transparência será a mais elementar regra que deverá ser seguida.

Escusado será dizer que se espera que não voltem a ser cometidos os atropelos do passado, nomeadamente, da última maioria absoluta socialista: atropelo da liberdade de imprensa, ataque à independência do poder judicial, tentativa de controlo de grupos empresariais privados.  

Por outro lado, acabaram-se as desculpas para alguns erros ou más decisões tomadas, e para a ausência de reformas no país.

Com uma maioria estável, o PS tem todos os instrumentos para imprimir mudanças que impactem positivamente a vida dos portugueses.

E bem precisamos: estamos na cauda da Europa. O PS tem agora a oportunidade de inverter este ciclo de declínio.

Se não o fizer será por sua única e exclusiva responsabilidade. E os portugueses, certamente, tirarão ilações disso. 

 

Texto escrito segundo as regas do Acordo Ortográfico de 1990