Opinião
A queda do PSD?
Com uma lista composta por estes elementos, seja em que ordem for, a verdade é que o PS parece estar em vantagem sobre o PSD.
Após várias semanas de negociações intensas, Raul Castro foi anunciado como cabeça-de-lista do PS às eleições legislativas, que se realizarão em Outubro próximo.
É, sem dúvida, uma boa solução para os socialistas, que além de poderem capitalizar a notoriedade que Raul Castro ganhou nos últimos dez anos à frente da Autarquia, conseguem apresentar uma figura da região, fugindo aos tradicionais cabeças-de-lista indicados por Lisboa, comummente apelidados de ‘pára-quedistas’.
Estrategicamente, é também um passo importante para enfrentar as próximas eleições autárquicas, dando a Gonçalo Lopes a vantagem de liderar a Câmara durante dois anos.
A acompanhar Castro, a única certeza é o terceiro lugar de António Sales, que faz valer a sua posição de presidente da Federação Distrital.
Os restantes lugares cimeiros estão ainda envoltos em alguma dúvidas (a decisão terá sido tomada em reunião ontem à noite, já depois do fecho de edição do Jornal de Leiria). O segundo lugar será de uma mulher, tudo indicando que surgirá Elza Pais, ex-secretária de Estado da Igualdade, a ocupá-lo.
Os quarto e quinto lugares, posições que, teoricamente, terão probabilidade de conseguir assento no Parlamento, serão distribuídos com paridade de género.
Num dos casos, a decisão será entre entre João Paulo Pedrosa, Jorge Gabriel e Joel Gomes (presidente distrital da JS), sendo no entanto provável que a desistência de Pedrosa aquando das eleições para a Federação Distrital, que permitiu a vitória de Sales, lhe dê vantagem.
No outro, a dúvida recai entre Odete João (preferência de Lisboa) e um elemento feminino do Sul do distrito, provavelmente alguém da confiança de Walter Chicharro, presidente da Câmara da Nazaré que tem apoiado Sales neste processo.
Com uma lista composta por estes elementos, seja em que ordem for, a verdade é que o PS parece estar em vantagem sobre o PSD, que, a confirmarem-se os nomes indicados a Lisboa pela estrutura distrital, se apresentará a eleições com uma lista a roçar o sofrível, distante dos pergaminhos que o partido tem em Leiria.
A lista é tão fraca, que o PSD se arrisca a ter um resultado desastroso num distrito que já foi um dos seus principais bastiões, reforçando a imagem de fragilidade que vem evidenciando desde que a guerra entre Isabel Damasceno e José António Silva deixou um rasto de cacos.
Ou seja, não se adivinha que o PSD consiga recuperar das humilhações que sofreu nos últimos sufrágios, até porque PCP, BE e CDS surgem com cabeças-de-lista fortes por Leiria, com destaque para a histórica líder de “Os Verdes”, Heloísa Apolónia, a liderar a lista comunista.
Os sociais-democratas correm o risco de se ficar pelos quatro deputados, ou mesmo conseguir eleger mais do que três, quando nas últimas legislativas, em coligação com o CDS-PP, colocou seis no Parlamento.
Algo que, a confirmar-se, terá forçosamente de fazer o partido reflectir, pois, mais assustador do que a lista proposta, é a ausência de alternativas consistentes aos nomes indicados, o que parece revelador de como o PSD tem perdido capacidade para atrair os melhores.