Opinião

A nova Rota da Seda

18 fev 2016 00:00

Para o efeito, a China lançou o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas com um capital de 100 mil milhões de dólares americanos e no qual irão participar 52 países, entre os quais as principais economias europeias (...)

A China propôs criar uma nova “Rota da Seda”, através do seu Presidente XI Jinping, em 28 de Março de 2015, perante uma plateia de ministros representando 65 países que se situam na Rota, terrestre ou marítima, deste novo eixo comercial.

Para o efeito, a China lançou o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas com um capital de 100 mil milhões de dólares americanos e no qual irão participar 52 países, entre os quais as principais economias europeias, abrangendo cerca de 60% da população mundial.

As antigas Rotas da Seda, como é sabido, eram uma série de rotas comerciais intercontinentais, terrestes e marítimas, que ligavam a China à Europa e que permitiram o aparecimento ou o desenvolvimento de grandes civilizações como o Egipto Antigo, a Mesopotâmia, a Pérsia, a índia e mesmo Roma.

As Rotas da Seda permitiram o conhecimento das várias culturas dos povos dos diferentes países que atravessava e, assim, fundamentaram o início do mundo moderno. Que pretende, agora, a China com esta proposta de recriar uma nova Rota da Seda?

Para além de uma multiplicidade de razões que não cabem neste artigo, trata-se de inaugurar uma nova era baseada na aprendizagem que o poder se partilha, ao contrário da época da Guerra Fria em que os países se tinham que submeter ao poder de um dos dois “patrões” do mundo.

Por outro lado, a China tem investidas enormes reservas em dólares e pressente a urgência de diversificar activos, constituindo este projecto uma excelente oportunidade para o fazer, ao mesmo tempo que sabe que o seu poder financeiro ainda não é suficiente para garantir as suas necessidades.

Com a nova Rota da Seda, a China consegue, também, trazer novos aliados potencialmente poderosos como o Irão, a Índia e a Turquia e ajuda a Rússia a não ficar sozinha no novo jogo de poder com os EUA.

Com a sua capacidade diplomática milenar e a sua visão futurista, a China compreendeu que a globalização da informação tornou obsoleta a geopolítica do costume baseada na destruição de Estados como o Iraque, a Líbia e a Síria pesem, embora, os seus “pecados”, mas não é destruindo que se constroem democracias.

A Europa deverá abraçar o projecto da Eurásia, ao mesmo tempo que deve manter a sua vocação euroatlântica e euro-africana.

*Economista