Opinião
A Árvore da Vida (e algumas ervas daninhas)
A existir algum assunto sobre o qual me sinta habilitada para falar, esse assunto seria, só e apenas, a inesgotável e maravilhosa confusão que é ser pessoa.
Asseguro-vos que é um talento ao qual me tenho dedicado desde que nasci apesar de, ainda hoje, não poder escarrapachar no curriculum mais do que uma breve linha “competências: humanidade na óptica do utilizador.
“Saber da Vida leva uma vida inteira. Ser pessoa exige formação contínua. Anos e anos a especializarmo-nos em nós próprios e, ainda assim, na maior parte das vezes sentimos que andámos a estudar a matéria errada para o teste.
Entre as vezes que reprovamos e as que conseguimos passar à rasca, a boa notícia é que passamos sempre de ano, independentemente do conhecimento assimilado. Até faz algum sentido.
Alguém que chumbe a Amor I pode ser excelente a Amor III. Ter nega a Felicidade II não desqualifica para Felicidade IV. Nesta aparente falta de programa educativo para a vida, o filme The tree of life, de T. Malick, é uma rara epifania.
Um daqueles instantes passageiro sem que se sente saber tudo sobre tudo antes de se ser atirado outra vez para a normalidade dos dias.
A poder explicar isto, é conhecer pela primeira vez uma história que já sabíamos.
Ainda que o filme nos leve pela criação do mundo nesta imensidão de tempo e espaço onde, num minúsculo cantinho, existimos nós, essa não é, no entender desta pessoa minúscula em concreto, a razão da epifania. Para mim, tem a ver com verdade.
*criadora de conteúdos