Opinião
2016 em “revista”
Estamos no final do ano de 2016, um ano que começou com a eleição do novo Presidente Marcelo, que rapidamente assumiu uma posição mais pragmática (e mediática) do que o anterior, procurando consensos sem ruturas e sem os paternalismos das duas anteriores Presidências. O ano foi também marcado pelo novo orçamento que contrariou muitas das políticas erradas (nas palavras do próprio FMI) prescritas pela Troika como solução para um caso como o português.
As maiores novidades do orçamento estão do lado do reinvestimento em Edução, Ciência e Inovação (fortemente dirigido às empresas) que tinha sido abandonado pelo Governo anterior. Contudo, apesar do crescimento de quase 2% do PIB, apoiado pela retoma do consumo e pela continuação do crescimento das exportações (ajudadas pela descida dos custos da energia – há muito que não se via o preço petróleo tão baixo), Portugal está de novo em défice excessivo (devido sobretudo ao enorme impacto da absorção do Banif e a um aumento da despesa, que tinha levado Bruxelas a pedir a reformulação, ainda que não total, do mesmo).
É também o ano do fim dos juros zero no EUA, política essa que não tem reflexo deste lado do Atlântico, com a continuação da deflação europeia. Por seu lado, a UE viveu um dos anos mais difíceis desde a sua génese em 1957, com uma nova crise dos refugiados no verão de 2016 e a ameaça terrorista a incendiarem os populismos e nacionalismos um pouco por toda a Europa.
A Polónia (com a sua nova lei da imprensa e interferências estatais na esfera judicial) e Hungria estão hoje mais próximas de serem Estados autoritários e nacionalistas ao estilo Russo, do que verdadeiras democracias europeias. Apesar de uma das soluções para os problemas europeus (económicos e sociais) passar por mais integração, a visão turva e de curto-prazo dos eleitorados faz pender a balança para uma desintegração eminente, que tem talvez o seu maior teste no referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE, que irá decorrer no início de 2017.
Este é também o ano em que Hillary Clinton se tornou a primeira mulher presidente dos EUA, ganhando as eleições ao rei do populismo – Donald Trump, símbolo de uma vaga internacional de política alicerçada em mensagens rápidas e vazias. Esperemos que esta seja apenas uma visão futurista, com altos e baixos, mas que na verdade o ano de 2016 seja sobretudo de esperança e melhoria global. Bom 2016.
*Membro do Conselho de Adm. da D. Dinis Business School e docente do IPLeiria