Está no segundo mandato. O que já mudou na Educação do concelho?
Trabalhámos no sentido de assegurar uma maior qualidade e equidade e foram criadas melhores condições para que esta geração de alunos possa ter uma boa escola. Leiria é um concelho em que as crianças podem estudar e crescer com qualidade. O contributo que demos traduz-se em intervenções a vários níveis. Houve um trabalho de planeamento, organização e gestão de recursos, que passou não só pela construção de centros escolares, mas também pela requalificação e manutenção de algumas escolas. Foi feito um grande investimento e, neste momento, a maioria das crianças do concelho, se não todas, tem bem-estar e qualidade de vida nas suas escolas. Isto tem impacto nas aprendizagens. Houve intervenção nos recreios escolares e, nos últimos cinco anos fizemos 31 refeitórios escolares. O desenvolvimento das competências digitais, que iniciámos no último ano, são a grande aposta deste mandato. Todas as salas do 1.º ciclo têm computadores. Isto é um salto qualitativo.
No projecto educativo municipal, uma das prioridades é prevenir e eliminar o absentismo e o abandono escolar. O que está a ser feito?
É necessário desenvolver uma política de melhoria em conjunto com os parceiros educativos. Toda a nossa acção resulta de uma rede. Ao nível da promoção do sucesso, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) candidatou um projecto de combate ao insucesso escolar, com a formação de uma equipa multidisciplinar para intervir junto das crianças, essencialmente do 1.º ciclo. Vai haver um reforço ao nível da intervenção e da prevenção, promovendo estratégias mais inovadoras e criativas junto dos alunos que têm dificuldades de aprendizagem, criando uma maior aproximação às famílias, co-responsabilizando-as para este processo. O importante é acreditar que temos de investir precocemente. Neste momento, estamos a apostar muito na orientação vocacional precoce, porque muito insucesso tem a ver com a falta de objectivos. Muitos alunos estão desorientados e muitas vezes escolhem o caminho errado. Temos taxas de retenção ao nível do secundário muito elevadas - embora estejam ao nível nacional -, o que não acontece noutros ciclos, em que estamos muito bem posicionados.
Porquê?
Os alunos chegam ao ensino secundário sem objectivos. Alguns desistem, outros mudam de área ou de curso. No ano passado, no 12.º ano, tivemos 220 alunos retidos no ensino secundário regular e 119 no profissional. Parece-nos uma taxa muito elevada (19,9%). Isto é o resultado de insucessos que vêm do percurso formativo, mas também das escolhas que são feitas ao nível das áreas e dos cursos, daí a nossa grande aposta na promoção dos cursos profissionais. No próximo ano lectivo vamos ter 33 ofertas diversificadas no concelho. Se os alunos estiverem esclarecidos, este também será um dos objectivos para diminuir a taxa de retenção.
Tem havido transferências de competências da administração central para os municípios. Até onde pode ir a responsabilidade da Câmara?
Pegando nas palavras de Leonor Torres, uma investigadora da Universidade do Minho que veio fazer um fórum a Leiria, estamos a construir um caminho de política global de educação assente na construção de consensos. O facto de tentarmos chamar todos os parceiros educativos leva a que haja uma cooperação e uma partilha que resultam em acções concretas. Há uma integração de dinâmicas que estão relacionadas com as iniciativas de toda a comunidade. Isso vai estreitar laços com a escola e valoriza as iniciativas dos membros da comunidade. O importante é que a descentralização não seja para dividir, mas para unir e nós já estamos a fazer em Leiria esse caminho. Há confiança por parte dos parceiros educativos e isso é fundamental na descentralização. As transferências têm de ser bem esclarecidas. Há responsabilidades que vão ser partilhadas mas as competências estão perfeitamente definidas. Cada um tem as suas competências e temos de respeitá-las.
O trabalho em rede é uma mais-valia?
Sim. Mas esta competência só faz sentido se houver transferência de meios. Se não existir como é que é possível melhorar a educação? É fundamental definir o que é que se pretende, qual o papel dos municípios e quais as prioridades, porque sabemos que não haverá dinheiro para fazer tudo. Estamos a terminar a volta pelos 65 jardins-de-infância, que precisam de grandes investimentos, como baloiços e escorregas. A partir das 15:30 horas é fundamental que esse seja um espaço de brincadeira. Em Leiria, as escolas dos 2.º e 3.º ciclos e as secundárias, com excepção daquelas que tiveram intervenção do Parque Escolar, necessitam de um forte investimento ao nível da manutenção dos edifícios. Há que definir prioridades. Nas escolas do 1.º ciclo já eliminámos o fibrocimento no mandato anterior, mas a maioria das escolas dos 2.º e 3.º ciclos ainda tem esse problema para resolver. Pensando na equidade não vai ser fácil. A responsabilização tem de passar pela disponibilização de verbas para esse investimento.
Prevê-se o encerramento de mais escolas do 1.º ciclo?
A principal razão do encerramento de escolas é sem dúvida a diminuição das crianças. O problema demográfico é um dos mais graves do País. Nas freguesias rurais fomos tendo um esvaziamento e envelhecimento. Desde 2000 encerrámos 65 escolas no concelho, mas, algumas das que encerraram nos últimos anos foi devido à mudança dos alunos para os centros escolares. A Escola Básica Chã de Laranjeira só tem quatro crianças. Quando não há crianças a escola não pode estar aberta.
Terá de haver políticas de natalidade mais fort
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