Entrevista
Carla Pais: “Houve um período em que sonhámos ver o nosso país como um arco-íris e hoje estamos a transformar de novo Portugal num país a preto e branco”
27 nov 2025 08:00
A escritora de Leiria, radicada em França, considera que há um retrocesso na sociedade portuguesa, em que vê as pessoas mais fechadas nelas próprias (foto de Ricardo Graça)
Nascida em 1979, natural da freguesia de Regueira de Pontes, no concelho de Leiria, Carla Pais reside actualmente em França. É a vencedora do Prémio Leya 2025, com o romance A Sombra das Árvores no Inverno, decisão anunciada pelo júri na semana passada. O primeiro romance de Carla Pais, Mea Culpa, foi finalista do Prémio APE 2018. Publicou depois Um Cão Deitado à Fossa, distinguido com o prémio Cidade de Almada 2018 e com o prémio SPA para o melhor livro de ficção narrativa 2023. Com A Instrumentação do Fogo, Carla Pais venceu a primeira edição do prémio de poesia Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria, e com o conto A Alma do Diabo ganhou, em 2015, o Prémio Literário Horácio Bento Gouveia.
Ser a segunda mulher a receber o Prémio Leya, numa lista, desde 2008, com 14 premiados, tem um significado?
Não me posso pronunciar sobre a qualidade das obras que foram apresentadas ao júri durante todos estes anos e não estou em crer que haja alguma decisão tendenciosa, portanto, se há duas mulheres que venceram, até hoje, é festejar, apenas. É a obra que fala, não é o autor.
O processo de leitura e avaliação é “cego”, mas escolheu um pseudónimo masculino. Porquê?
Não há nenhuma explicação. Concorri sob pseudónimo masculino como podia ter concorrido com um pseudónimo feminino. É um acaso.
Um prémio como este, que se anuncia como o prémio de maior valor monetário para romances inéditos escritos em português, marca um ponto de viragem na rotina de quem o recebe?
Ganhar este prémio, acredito que possa ser uma viragem na carreira de um escritor. É um pico.
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